(...)A musseline chove abundantemente frente às janelas e frente à cama: ela se expande em cascatas nevadas.
Nesta cama esta deitada a Idola , a soberana dos sonhos. Mas como é que ela esta aqui? Quem a trouxe? Que poder magico a instalou neste trono de devaneios e volupia? O que importa? Esta aqui! Eu a reconheço.
São de fato, estes olhos cuja chama atravessa o crepusculo, estes sutis e terriveis olhinhos, que reconheço por sua assustadora malicia! Eles atraem, subjugam, devoram o olhar do imprudente que os contempla. Com frequência as estudei, estas estrelas negras que clamam por curiosidade e admiração.
A que demônio benévolo devo o estar assim rodeado de mistério, de silêncio, de paz e de perfumes? Oh, beatitude! O que geralmente denominamos vida, mesmo em sua expansão mais feliz, nada tem em comum com esta vida suprema da geral tenho ciência agora, e que saboreio minuto a minuto, segundo a segundo!
Não, ja não existem segundos! O tempo desapareceu; é a Eternidade que reina, uma eternidade de delicias. (...)
O quarto duplo
Pequenos Poemas em Prosa
Charles Baudelaire
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Um comentário:
Se você colocou esse trecho de Baudelaire aí, imagino que já tenha lido 'Le Spleen de Paris' (esqueci a tradução).. É maravilhoso esse escritor mesmo.
;-)
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