09/12/2007

Nostalgia

Hoje acordei pensando em você, lembro de muitos verões que você esteve presente na minha vida como uma amiga querida, presença que partia cada setembro e estava pontualmente de volta em cada começo de junho.
O que ficou realmente na minha memoria foram aquelas semanas deliciosas que vivi na sua casa num setembro tão cheio de sol nesta Europa tão cinza.
Me lembro do fim de um dos ultimos festivais, você ja tinha partido pois recomeçava tua rotina de trabalho e eu continuei la a terminar a minha.
Fomos para a sua casa de carro, eu e seu marido, uma linda viagem pela Toscana, com algumas flores aqui e ali que insistiam em continuar a primavera mesmo depois de um verão tão quente.
Chegamos numa tarde, ligeiramente resfriados os dois, resfriado que depois se transformou numa gripe horrorosa e você abriu mão do seu tempo e o dedicou inteiramente a nos.
Teu apartamento era minimo, mas transbordava do teu carinho e da nossa alegria.
Passamos a primeira semana so sendo cuidados por vê com muita canja de galinha e cha de limão.
So a partir da segunda semana pude realmente conhecer Florença. Tinhamos estabelecido o nosso dia a dia: com a tua bicicleta eu passava o dia pedalando pela cidade e à noite nos encontravamos em casa, contavamos o nosso dia, teu trabalho, minhas impressões de Florença, os novos projetos do teu marido, dias perfeitos!
Foi ai que aprendi a te conhecer melhor e te admirar completamente, deve ter sido necessario uma boa dose de coragem ou loucura para uma mulher de fina estirpe, filha de nobres e dona de castelo mandar tudo para o alto para viver com um extrangeiro, negro, brasileiro e musico como se não fosse suficiente.
Teu apartamento respirava arte, talvez porque na tua cidade seja assim, tudo respira beleza e arte.
Ha anos não tenho noticias tuas, sei por conhecidos que o teu casamento acabou uns anos depois, que o teu marido, que estava vivendo com outra mulher, morreu. Mas de você nunca mais tive noticias.
Espero que a tua vida continue perfumada de alegria, mesmo com tantas pedras no caminho, que você tenha encontrado um amor feito de paz. Te vejo na tua bicicleta, levando girassois para casa, sinto o cheiro da pasta al funghi na tua cozinha, e você na janela, vivendo teus dias de sol.