15/12/2007

Roger Bastide e seu Candomblé



Roger Bastide, filosofo e sociologo é junto a Pierre Verger um dos mais importantes nomes de referência para o estudo das religiões de origem africana no Brasil.
Professor na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales e na Sorbonne, ele foi também professor na Universidade de São Paulo onde seu livro "O candomblé da Bahia" é, ainda hoje, pelo seu rigor etnografico, bibliografia obrigatoria nos cursos de ciências sociais.
A introdução de Fernando Henrique Cardoso, ex-aluno de Bastide e ex presidente do Brasil cita "como é admiravel a metodologia não totalizante de Bastide, que supõe a infinidade do real e a impossibilidade de uma sintese conceitual a priori".
O Candomblé da Bahia é o resultado de uma pesquisa profunda do real e do imaginario que designa tal religião. O sagrado e o profano, não somente no espaço religioso mas em todos os aspectos da vida da comunidade.
A religião Yoruba no Brasil não é a religião somente do negro, do africano em terra brasileira, ela é um sistema de valores que faz parte da realidade nacional e mestiça.
"Se Bastide parte ao Brasil é para compreender como a experiência onirica e imaginaria cria raizes. » pag.26

E impossivel quando lêmos o livro de Bastide não sentir o apelo ensurdecedor dos tambores rituais e o cheiro da Jurema misturado ao suor de seus fiéis.
No imaginario brasileiro o candomblé é força pagã, é mistério e sedução.
Quando escutamos na noite o chamado das canções aos Deuses mesmo o mais racional dos seres reconhece a força religiosa de sua tradição africana que é parte essencial da cultura brasileira.
O Brasil é um pais oficialmente catolico, com uma imensa quantidade de igrejas de tradição protestante, mas quando necessitamos o apoio do céu é nas religiões africanas que buscamos consolo, é la que curamos os males de amor, a necessidade de dinheiro e onde encontramos coragem para continuar avante numa sociedade tão injusta como a nossa.
Bastide, Roger. O candomblé de Bahia. Ed; Terre Humaine, Paris.

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